Há duas semanas, fizemos nosso primeiro mergulho do ano, na laje de Santos (SP), e aproveitei a ocasião para estrear regulador novo: um Apeks XTX50 DS4.
Farei aqui uma análise de equipamento, porém procurarei me ater em fatos mais relevantes. Vejo que muitas revisões de revistas enfatizam o uso de “tecnopolímeros de última geração”, de “Sistemas de fluxo direto intergalácticos”, etc, nitidamente repetindo as informações de anúncios de fabricantes. Quando vejo esse tipo de coisa, começo realmente a me perguntar qual o grau de isenção destas análises, pois nas revistas brasileiras dificilmente se vê uma análise que tivesse resultados insatisfatórios, ou que apontasse pontos negativos num material (e convenhamos, a imensa maioria dos equipamentos está bem longe da perfeição). Para quem quiser uma publicação que faz análises sérias de equipamentos, mostrando pontos positivos e negativos,muitas vezes em testes “cabeça a cabeça” recomendo (como sempre) a DIVER.
Eu já possuía experiência prévia com reguladores Apeks, pois há 6 anos atrás eu adquiri um (excelente) ATX 50 DST, que foi devidamente “surrupiado” por minha esposa (rsrs)
Logo ao abrir a caixa, nota-se que, seguindo a tradição dos segundos estágios Apeks, sua aparência é sóbria, com predominancia do preto, e detalhes cinzas. Acompanha também um “octopus” XTX20, na forma de um kit
Este conjunto possui um primeiro estágio DS4, que possui 4 saídas LP e uma HP, ao contrário do DST (mais popular) que possui 4 LP (podendo ser modificado para receber uma quinta porta) em uma torreta giratória, e 2 saídas HP.
O DS4 é mais barato, e internamente é similar ao DST, tendo inclusive uma formatação bem adequada para o uso em duplas, pois suas saídas são alinhadas, com as mangueiras correndo paralelamente, o que, quando posicionado na horizontal, faz com que as mangueiras saiam apontadas para baixo, porém, quando comparamos os dois primeiros estágios “Téte a Tete”, fica claro que o DST é mais bonito, com uma aparência mais "técnica", porém no mergulho, pelo menos naquele que ocorre na água (risos), aparência não é tudo. Porém faço uma nota, agora existe um Kit de conversão que permite a inserção de uma quinta porta LP na torreta dos DST, à lá MK25, aumentando as possibilidades de configuração de mangueiras.
O segundo estágio XTX possui um botão de purga oval, de dimensões menores que àquelas do ATX, porém mesmo assim fácil de achar, ao apertar o botão noto que o botão do ATX é mais suave que o do XTX, mas nada que comprometa demais seu uso. Entretanto, fica aqui minha nota de que o uso da purga nos ATX é bem mais facilitada que nos XTX. O visual do ATX também é mais tradicional, de maneira que o XTX tem um visual mais moderno, com o nome e logotipo do fabricante apresentados de forma mais discreta. Os já citados detalhes cinzas dão uma aparência moderna e robusta.
Há um ajuste de Venturi, e de resistência respiratória, de cor prateada posicionados à esquerda, porém aqui há um verdadeiro diferencial: o corpo da caneca do segundo estágio apresenta o chanfro por onde a alavanca de Venturi corre recortado em ambos os lados, de maneira que a válvula possa ser instalada invertida, permitindo o uso da mangueira pelo lado direito ou esquerdo. Para quem mergulha com mangueira longa, cria uma outra opção de configuração, que eu considero bem bacana. Tradicionalmente, eu utilizo reguladores Poseidon, de exaustão lateral (em minha opinião os melhores do mundo), quando mergulhando com duplas, e gosto de usar meu regulador secundário roteado pela esquerda. Esta passa a ser uma possibilidade com os Apeks (existe até mesmo uma versão dos DS4, chamada TEK3, criada especialmente para duplas).
Pela ausência da já citada chanfradura do lado esquerdo, nos ATX, esta conversão não é possível.
Uma característica bacana do XTX é a possibilidade de se escolher o “bigode” de exaustão, entre um compacto (igual ao ATX) e um mais comprido, como popular em modelos mais antigos, o qual escolhi.
Uma diferença que noto, é que o ajuste do XTX é mais macio, sendo mais fácil rodar o ajuste, em comparação ao ATX, mas talvez possa ser uma diferença relativa aos exemplares testados.
O bocal é o já conhecido Comfo-Byte, que vem desde os tempos da U.S. Divers, nos anos 80, e até aí sem novidades.
Na água:
Durante o mergulho, conforme já esperado num apeks, a performance é excelente, e não noto diferença entre os conjuntos XTX 50 DS4, e o ATX 50 DST. Essa similaridade já era esperada, pois, como já havia mencionado, internamente são quase iguais.
Eu havia mencionado previamente sobre os bigodes intercambiáveis, e noto que a escolha pelo mais comprido foi acertada, pois posicionou as bolhas fora da visão, porém, não que o curto gere bolhas particularmente obstrutivas na visão. O segundo estágio é confortável na boca, praticamente sem causar fadiga de ATM.
Os controles de ajuste foram fáceis de usar no fundo, e, o controle de resistência inalatoria realmente faz diferença, sendo bem eficaz. Aliás, quando totalmente aberto, noto que a tendência a “freeflow” espontâneo é menor que no ATX DST.
O regulador entregou bastante ar quando solicitado, e a purga foi bem eficiente. Procurei ficar de ponta cabeça afim de verificar se a respiração ficaria úmida, quando invertida, e noto que manteve-se totalmente seco! Mais seco que no ATX.
Experimentei também o octopus XTX 20, que embora não tivesse ajuste de fluxo, foi bastante eficiente, e neste mergulho estreei um manômetro apeks. Ele é compacto e bem bonito, com um acabamento de primeira, porém, eu prefiro algumas outras opções (inclusive mais baratas) que se mostram de mais fácil leitura.
Embora tenha sido um mergulho a no máximo 20 metros, na maior parte do tempo sem correnteza (não sendo possível avaliar se há “freeflow” com corrente frontal), em que o manômetro nunca baixou de 40, fica óbvio que é um produto com pedigree, e capaz de lidar com condições adversas...afinal, é um apeks.
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