Um blog para falar de mergulho, naufrágios, ou qualquer outra loucura que me der na cabeça.
domingo, 30 de janeiro de 2011
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Mergulho também é cultura: O Abrigo!
No último final de semana, saímos para um mergulho na laje de Santos (SP), pelo motivo que não haveria tempo disponível para nos deslocarmos até um de nossos destinos mais habituais, como Ilhabela, ou Ubatuba.
Ficamos hospedados num hotel em São Vicente (SP), localizado perto da ponte pênsil, facilitando nossa saída para o embarque no domingo.
A cidade encontrava-se cheia, com um grande palco armado na praia, onde seria feita uma encenação da fundação da vila de São Vicente, em 1530, por Martin Afonso de Souza (O que a torna a mais antiga cidade do país)
Há uma réplica da antiga vila, um marco na praia, e outros sinais alusivos ao fato acima, embora não tenha restado nada do vilarejo original.
Entretanto, um fato inusitado de sua história passa desapercebido pela maioria, e, se não fosse uma escolha aleatória de um bar para tomar um chope, também me seria desconhecido.
Paramos para tomar um chope no bar Gáudio, situado defronte ao mar, no térreo de um belo edifício de mesmo nome, em estilo típico da primeira metade do século XX. O bar possui um pavimento superior, que funciona como restaurante, e um no subsolo, onde fica um videoquê.
Ao me dirigir ao caixa para pagar a conta, noto que há um recorte de jornal emoldurado, e me ponho a lê-lo.
O recorte, de agosto de 1996, do Jornal Tribuna, fala sobre a inauguração de um piano bar, dentro do Gáudio, dentro de um antigo abrigo subterrâneo anti-bombas, da segunda guerra mundial, e que se situa dentro do bar... o atual videoquê!!!
Aquela área subterrânea, acessível por meio de uma escada no canto direito do bar, que se fecha com uma porta de grades, onde hoje há uma placa onde se lê videoquê, é o único abrigo anti-aéreo do litoral de São Paulo!!!
Foi uma exigência da prefeitura de São Vicente, para aprovação da construção do edifício, na década de 40 do século XX, como meio de proteger seus moradores de um provável ataque aéreo.
Embora eu me pergunte se não seria mais interessante restaurar o local, tentando recriar seu ambiente original (podendo até servir como ambiente/atração do bar!), não posso deixar de comentar aquele pedaço desconhecido da história, tão próximo, e que deve passar incólume à maioria dos freqüentadores do bar.
Sem dúvida, um dos chopes mais educativos que já bebi!
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Foto do dia
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Respirar Líquido: uma possibilidade no mergulho?
Há alguns anos, o filme o segredo do abismo (The Abyss - 1989), nos presenteava, em sua parte final, com uma seqüência onde um mergulhador respirava líquido ao invés de gás, num capacete fechado fazendo, inclusive, uma subida violentamente rápida desde uma profundidade abissal, até a superfície, sem nenhum sinal de doença descompressiva.
Na época, a cena foi muito comentada, me lembro até mesmo de uma matéria no fantástico abordando o assunto (matéria paga para divulgar o filme?), além de comentários em revistas especializadas. Fotos e imagens de ratinhos respirando em um frasco com um líquido translúcido apareciam freqüentemente na mídia, sendo dito à época que era a solução definitiva para o mergulho no futuro.
Mais de 20 anos se passaram, e o assunto volta á tona. Uma nota na edição de janeiro de 2011 da revista DIVER, comenta sobre a proposta apresentada em uma conferência de biomecânica em Veneza (Itália), pelo Dr. Arnold Lande, ex-professor de cirurgia torácica da universidade do Texas.
Sua proposta consiste em encher as vias aéreas (pulmões, traquéia, brônquios, sinus) do mergulhador com perfluorocarbono (PFC), um líquido conhecido pela sua alta capacidade em difundir oxigênio, servindo como carreador para este gás, mantendo sua cabeça dentro de um capacete fechado, cheio de PFC.
Seu sistema corrige o já conhecido problema da exaustão respiratória, causada pelo esforço da musculatura respiratória, que passa a ter de movimentar líquidos, muito mais densos e viscosos do que os gases para os quais foi planejada, através do uso de ativadores biomecânicos que auxiliam na expansão da caixa torácica.
O CO2 resultante dos processos respiratórios é removido através de um cateter central (estilo IntraCath ®), que faz com que seu sangue circule através de uma membrana semipermeável que retira o CO2.
A dificuldade em inibir o reflexo de tosse, poderia, segundo sua proposta, ser contornado com o uso de treinamentos específicos, ou medicações depressoras.
Respirar PFC não é nenhuma novidade. Desde os anos 80 os japoneses já vêm utilizando-o como “sangue artificial”, e desde os anos 90 já é utilizado como meio respiratório para prematuros em algumas UTI’s neonatais, com sucesso.
Relatos anedóticos de testes em Navy Seals, utilizando PFC para respirar já vêm sendo divulgados há alguns anos, sendo relatados efeitos adversos como fraturas de costelas, relacionadas ao esforço respiratório, sem, porém haver documentos comprobatórios.
O uso de PFC como meio respiratório no mergulho é uma idéia tentadora, porém, impraticável. Pelo método descrito acima, seria necessário ser submetido a um procedimento invasivo (afim de instalar o cateter), além do uso de próteses biomecânicas para auxiliar a respiração, e, ocasionalmente, drogas depressoras...Além de precisarmos encontrar cobaias dispostas a testar a idéia. Ou seja uma idéia ainda inviável do ponto de vista prático.terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Tipos de Mergulhadores
O CAÇADOR DE ADRENALINA
Gosta de definir o mergulho como “esporte radical”, e procura a atividade como forma de adicionar mais ação em sua vida.
Descreve seus mergulhos como uma grande aventura, mesmo que seja nas piscinas de Porto de Galinhas, e, normalmente, já saltou de pára-quedas, pratica Mountain Bike, Fez rapel, curte Cascading, etc. Mergulho é só mais uma de suas aventuras! Sua página em redes de relacionamento, tais como facebook, sempre terá diversas fotos suas praticando este tipo de atividade, demonstrando certo grau de narcisismo.
Adora posar de atleta, sempre usando roupas de nylon, lycra, ou qualquer outra coisa que o identifique como esportista nato, e também realce sua boa forma, freqüentemente desapontando-se com o comportamento preguiçoso, e com o shape dos outros divers (adora um anglicismo!), além de freqüentemente ter um olhar desafiador, ou até mesmo cara de mau nas fotos, adora ficar em pé, de braços cruzados, e olhando ao horizonte, sempre soltando um sonoro “UHUUUUU...”, a cada “emoção”.
Ele já fez batismos em alguns lugares, e decidiu fazer um curso, pois aventura é com ele mesmo! Aliás, mal ele saiu do curso básico, e já quer fazer mergulho em naufrágios, cavernas, e afins. Ele já deve ter se inscrito num curso avançado logo após o check-out (ou você acha que ele é alguém de ficar só no mergulhinho básico?)
Costuma sempre andar com instrutores, e téquidaives, pois eles são aventureiros natos como ele, aliás, mal vê a hora de virar divemaster, o que, com o atual facilidade (a tal “educação continuada”), acaba conseguindo rapidamente. Ele sempre terá algum objetivo claro, como mergulhar na Corveta de Noronha (lugar que exerce grande fascínio nesse tipo), ou na caverna tal, e fará questão de deixar bem claro pra todo mundo. Aliás,conciliar mergulho e "turismo de aventura" é com ele mesmo!
Entretanto, sua vida ativa no mergulho costuma ser curta, pois logo ele se convence que não é uma atividade que realce seus dons atléticos, além de não ser um “esporte de risco”, nem ter o radicalismo que esperava.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
Brinquedo "novo"!
Até que enfim, consegui adquirir meu primeiro regulador de traquéia dupla! Dessa maneira, tento iniciar uma coleção que há muito ensaio para dar o pontapé inicial!
Reguladores de traquéia dupla têm um charme próprio. Estão fora de produção regular desde 1998 (Data em que a Nemrod parou de produzir o “Snark III”, antes disso, a La Spirotechnique fabricou o ”Royal Mistral” até 1987), tiveram um breve revival, com a introdução, pela Aqualung, do “New Mistral” (na verdade uma adaptação do Titan) em 2005, com produção de apenas 2 anos, e pelo “Mentor”, fabricado pela Aqualung, a pedido da marinha americana, para treinamento inicial de rebreathers (apenas 125 unidades produzidas – Aliás,um regulador lindíssimo!)
Este modelo é um U.S. Divers Stream Air, um regulador de primeira geração, mono estágio, sendo um descendente direto do CG-45, e do "D.A. Navy". Ele veio para ocupar o lugar do malfadado overpressure, que possuía um venturi “temperamental” (e hoje, quando com suas mangueiras originais, é uma peça valiosa de coleção).
Entrou em produção em 1956, sendo que, logo em seguida (1957), entrou em produção o famoso “Mistral”, que viria a substituí-lo, e, dessa maneira, teve sua produção encerrada ao fim de 1957.
Em sua fase final, muitos Stream Airs receberam peças internas do Mistral, recebendo o selo deste último na carcaça, sendo chamados “Stream Air – Mistral” – este é o tipo mais comum de Stream Air que ainda circula por aí.
Embora o Stream Air teve uma produção efêmera (1956-57), ele deixou frutos, além do já citado mistral, outro filhote foi o “Jet air”, que nada mais era que uma versão de baixo custo do Stream-Air, com carcaça de plástico.
A unidade que adquiri é anterior à conversão com peças do mistral, mantendo sua originalidade. Ele está sem as traquéias (ainda eram as pretas, depois substituídas pelas amarelas), e o bocal (este modelo usava o bocal reto, e não o curvo dos modelos posteriores da U.S. Divers), porém já estou providenciando as peças para iniciar a restauração.
Detalhe para o cilindro de aço, 10 litros, 2250 PSI, que veio junto (a data de fábrica é 1956), ainda com o suporte original da USD!!!
Quem sabe em breve não posto o relato de um mergulho “vintage” por aqui?
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Imagem do Dia
Alcatrazes, vista do Nova Iorqui (que logo logo merecerá um post!)....Um dia eu quero mergulhar lá na "pedrinha"
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
Tipos de Mergulhadores: O Mergulhador de Internet
Esse é uma figurinha fácil, que encontramos com freqüência em fóruns de discussão, escolas de mergulho, porém, dificilmente vemos no barco.
O mergulhador de internet é aquele cara que participa ativamente em comunidades de Orkut, usa facebook de modo abusivo, lê tudo que sai nos “mega-portais” da internet, e, normalmente, é assinante das “maiores e melhores listas da internet”.
Costuma falar com uma autoridade fantástica sobre os mais variados assuntos, desde equipamentos, até tópicos de preservação ambiental. Discute assuntos tão complexos como modelos descompressivos, ou sistemas de filtragem, sempre emitindo sua opinião.
Muitas vezes seus comentários iniciam-se com expressões como “eu acho que...”, “Na minha opinião...”, etc. Nunca emite uma opinião segura, baseado em experiência pessoal.
Aliás, sua grande experiência é com a internet. Ele mergulhou muito pouco, sempre inventa uma desculpa para não entrar na água, sempre está impedido de viajar, sempre tem um problema que o impede de ir mergulhar.
Discute equipamentos como se possuísse grande conhecimento, dizendo que a marca tal é melhor, este regulador é bem indicado para técnico, e por aí vai. Muitas vezes possui um equipamento “hi-tech”, “téquidaive no úrtimo”, que sempre está em excelentes condições, como novo. Até porque este equipamento quase nunca vai para a água. Ah sim: o equipamento dele sempre será melhor que o seu!
Sabe tudo sobre naufrágios, com várias estórias para contar! Contará sobre a vez em que desceu a 36 metros, num naufrágio que está a 30, e quase teve uma pane seca, após um mergulho de mais de 40 minutos naquela profundidade, com um S-80 (claro que seu consumo será fenomenal!). Porém, você jamais o verá numa saída de naufrágios, seus inúmeros compromissos o impediram de ir mergulhar naquela semana!
Às vezes, graças a seu elevado conhecimento, se tornará colunista em algum grande site sobre mergulho, opinando sobre áreas as quais tem larga experiência, afinal, após seu emocionante check-out em um local desafiador como Paraty, por exemplo, ele passou horas lendo sobre assuntos como mergulho técnico ou comercial.
Às vezes ele irá numa saída de mergulho, e, a coordenará da superfície. Zelará pela segurança de todos enquanto bebe cerca de 20 latinhas por dia (afim de relaxar de tanta tensão), e pode até ser que ele entre na água, mas em poucos mergulhos, e sairá da água antes, pois o mergulho não estará bom o suficiente para ele...seus padrões são mais elevados.
Após opinar sobre equipamentos, ao pedir para montar uma dupla com manifold, ele até o faz,mas antes tecerá os mais diversos comentários, achando diversos defeitos que o dono do equipamento não foi capaz de ver. Aliás, seu equipamento é um capítulo à parte, pois certamente terá alguns gadgets, e penduricalhos.
Ele sempre terá um ou mais instrutores queridinhos, o qual será um “mega máster fodola plus”, trabalhou em alguma super corporação, mergulhou em lagos gelados da suíça, usou equipamentos os quais não teremos acesso, e estão muito acima de nós.
Agora, água não é com ele, sua experiência de mergulho é virtual na internet, afinal, ele pode adquirir esta experiência sem ter de sair de casa, sem se molhar, no conforto de sua poltrona.
É por isso que tenho fugido deste tipinho