Um blog para falar de mergulho, naufrágios, ou qualquer outra loucura que me der na cabeça.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Foto do dia
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Tipos de mergulhadores: A namorada hesitante
Não é uma figura tão comum, mas está longe de ser rara, quase sempre havendo um exemplar num barco de mergulho, onde, notadamente, há uma predominância em indivíduos do sexo feminino nesta categoria, daí o título.
É uma pessoa que não buscou o mergulho, e sim foi buscada pelo mergulho. Ela é namorada de um mergulhador, muitas vezes Fodola, ou Caçador de adrenalina.
Embora seu interesse em mergulho não passasse de achar bonitos os vídeos que passam na TV, ela foi coagida pelo seu companheiro a fazer um curso de mergulho, muitas vezes após aquele “batismo” que lhe foi dado de presente durante aquela viagem a Porto de Galinhas, onde ele só quis saber de mergulhar.
É facilmente identificável, embora seu namorado só fale em mergulho, ostentando camisetas temáticas e afins, ela fica próxima, usando um figurino destoante do companheiro, nitidamente avexada, com um sorrisinho amarelo, e ao ser indagada se mergulha há muito tempo, responde que não, e que não é fanática pela atividade.
Muitas vezes curtirá mais o passeio de barco que o mergulho em si (a não ser que ela esteja enjoada, aí o sábado foi perdido), aproveitando a viagem para tomar um solzinho, curtir o visual, etc.
Embora não seja comunicativa a princípio, ficando mais próxima ao seu amado, que normalmente é bem comunicativo, e faz questão de exibir seus dotes de mergulhador, ela pode se tornar comunicativa, na presença de outra de sua espécie, ou então ao encontrar outra acompanhante (não mergulhadora) de mergulhador, e gostará de conversar sobre assuntos variados, sobre o que faz durante a semana, ou o que pretendem fazer após o mergulho.
Uma característica bem marcante neste tipinho é seu comportamento durante o curso. Ela precisará repetir vários exercícios, pois não se sentiu bem à vontade. Várias vezes botou a cabeça fora d água, pois havia água no regulador, este não dava ar, e a máscara deixava entrar água. Aliás a máscara é um capítulo à parte: ela não consegue tirar sua máscara no fundo, e vive se perguntando, já que ninguém quer tirar a máscara, qual a utilidade de se aprender isso.
Ela precisa de bastante ajuda para se equipar, e sempre precisará ser relembrada sobre como montar o regulador. Após sua (demorada) equipagem , ela entrará na água ajudada pelo divemaster, uma vez que seu namorado já estará na superfície a esperando, e dizendo “vai logo”, “to te esperando”, etc.
É comum que seu mergulho seja curto, além de, romanticamente, mergulhar de mãos dadas com seu namorado. Também não raramente não faz o segundo mergulho, pra tomar um solzinho, e quase nunca se lembra de sua profundidade, tempo de fundo e pressão de saída.
Normalmente se dá bem com Fodolas, e caçadores de adrenalina, e não se dá muito bem com DIR’s (que não suportam sua falta de comprometimento com mergulho).
Sua carreira no mergulho costuma ser curta: usualmente acaba junto com o namoro.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Foto do dia
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Tipos de mergulhadores: O Fodola
Este é uma figurinha fácil em operações de mergulho!
Normalmente, o fodola fará sua presença ser sentida logo ao chegar no cais, fica com um ar “blasé”, muitas vezes (quase sempre) usando óculos escuros, para manter um certo mistério sobre sua personalidade.
Soltará algum comentário como “Esse cheiro de cais é igual em qualquer lugar do mundo”, e assumirá seu lugar na embarcação, logo montando seu equipamento, que obviamente sempre será “Top de linha”, e cheio de acessórios, como swivels, uma infinidade de D-rings, lanternas, carretilhas, etc., afinal, você nunca saberá o que precisará enfrentar em um mergulho. Porém, você se perguntará como, apesar de toda a sua proclamada experiência, seu equipamento ainda está tão novo. Não raro ele dirá que sua bota foi comprada há 12 anos, e você se perguntará como ele achou aquele modelo novo há tantos anos.
Muito provavelmente ele estará mergulhando em companhia de um dupla pré estabelecido, como o já descrito “mergulhador de internet”, ou a “namorada hesitante” (tema de um futuro tópico), que se sentirão extremamente seguros em mergulhar com alguém daquele naipe.
Estará usando uma camiseta temática, de preferência da “Amphibious outfitters” (embora camisetas temáticas sejam a regra no mergulho), com desenhos marcantes como moréias, caveiras, tubarões, e mantém sempre um sorriso de canto.
Normalmente entra na água após todo o grupo, afim de evitar o tumulto, esperando sentado com seus indefectíveis óculos escuros, e só quando o deck estiver limpo, entra na água.
Ao voltar, ficará rodeando quieto o resto do grupo, até que alguém comente algo visto no fundo, como uma garoupa, por exemplo, neste momento ele se manifestará, comentando sobre a garoupa enorme que só ele viu, porque estava atrás de uma pedra, e se escondeu tão logo chegou, e comentará que na última vez em que esteve lá, a água estava muito melhor, e havia muito mais vida.
O fodola adora usar cilindros de maior capacidade, como 15 litros, ou então nitrox, mesmo que isso não implique em mergulhos mais longos, aliás, é muito comum que seu mergulho seja mais curto, pois a água não estava boa, havia pouca vida, sua máscara entrava água, a nadadeira não estava legal, e ele acabou gastando mais ar, e, bom, deu pra entender, né?
O fodola costuma se dar muito bem com o mergulhador de internet, a namorada hesitante, o DIR e o caçador de adrenalina (em breve descreveremos estes tipos).
Não costuma se dar tão bem com os “tiozinhos”, pois o fato de que mergulham a tanto tempo, sem saber tanto quanto ele, o cansa.
Esse tipinho não me afasta, muito pelo contrário: é divertido observá-los :)
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Brinquedo novo: Apeks XTX 50 DS4
Há duas semanas, fizemos nosso primeiro mergulho do ano, na laje de Santos (SP), e aproveitei a ocasião para estrear regulador novo: um Apeks XTX50 DS4.
Farei aqui uma análise de equipamento, porém procurarei me ater em fatos mais relevantes. Vejo que muitas revisões de revistas enfatizam o uso de “tecnopolímeros de última geração”, de “Sistemas de fluxo direto intergalácticos”, etc, nitidamente repetindo as informações de anúncios de fabricantes. Quando vejo esse tipo de coisa, começo realmente a me perguntar qual o grau de isenção destas análises, pois nas revistas brasileiras dificilmente se vê uma análise que tivesse resultados insatisfatórios, ou que apontasse pontos negativos num material (e convenhamos, a imensa maioria dos equipamentos está bem longe da perfeição). Para quem quiser uma publicação que faz análises sérias de equipamentos, mostrando pontos positivos e negativos,muitas vezes em testes “cabeça a cabeça” recomendo (como sempre) a DIVER.
Eu já possuía experiência prévia com reguladores Apeks, pois há 6 anos atrás eu adquiri um (excelente) ATX 50 DST, que foi devidamente “surrupiado” por minha esposa (rsrs)
Logo ao abrir a caixa, nota-se que, seguindo a tradição dos segundos estágios Apeks, sua aparência é sóbria, com predominancia do preto, e detalhes cinzas. Acompanha também um “octopus” XTX20, na forma de um kit
Este conjunto possui um primeiro estágio DS4, que possui 4 saídas LP e uma HP, ao contrário do DST (mais popular) que possui 4 LP (podendo ser modificado para receber uma quinta porta) em uma torreta giratória, e 2 saídas HP.
O DS4 é mais barato, e internamente é similar ao DST, tendo inclusive uma formatação bem adequada para o uso em duplas, pois suas saídas são alinhadas, com as mangueiras correndo paralelamente, o que, quando posicionado na horizontal, faz com que as mangueiras saiam apontadas para baixo, porém, quando comparamos os dois primeiros estágios “Téte a Tete”, fica claro que o DST é mais bonito, com uma aparência mais "técnica", porém no mergulho, pelo menos naquele que ocorre na água (risos), aparência não é tudo. Porém faço uma nota, agora existe um Kit de conversão que permite a inserção de uma quinta porta LP na torreta dos DST, à lá MK25, aumentando as possibilidades de configuração de mangueiras.
O segundo estágio XTX possui um botão de purga oval, de dimensões menores que àquelas do ATX, porém mesmo assim fácil de achar, ao apertar o botão noto que o botão do ATX é mais suave que o do XTX, mas nada que comprometa demais seu uso. Entretanto, fica aqui minha nota de que o uso da purga nos ATX é bem mais facilitada que nos XTX. O visual do ATX também é mais tradicional, de maneira que o XTX tem um visual mais moderno, com o nome e logotipo do fabricante apresentados de forma mais discreta. Os já citados detalhes cinzas dão uma aparência moderna e robusta.
Há um ajuste de Venturi, e de resistência respiratória, de cor prateada posicionados à esquerda, porém aqui há um verdadeiro diferencial: o corpo da caneca do segundo estágio apresenta o chanfro por onde a alavanca de Venturi corre recortado em ambos os lados, de maneira que a válvula possa ser instalada invertida, permitindo o uso da mangueira pelo lado direito ou esquerdo. Para quem mergulha com mangueira longa, cria uma outra opção de configuração, que eu considero bem bacana. Tradicionalmente, eu utilizo reguladores Poseidon, de exaustão lateral (em minha opinião os melhores do mundo), quando mergulhando com duplas, e gosto de usar meu regulador secundário roteado pela esquerda. Esta passa a ser uma possibilidade com os Apeks (existe até mesmo uma versão dos DS4, chamada TEK3, criada especialmente para duplas).
Pela ausência da já citada chanfradura do lado esquerdo, nos ATX, esta conversão não é possível.
Uma característica bacana do XTX é a possibilidade de se escolher o “bigode” de exaustão, entre um compacto (igual ao ATX) e um mais comprido, como popular em modelos mais antigos, o qual escolhi.
Uma diferença que noto, é que o ajuste do XTX é mais macio, sendo mais fácil rodar o ajuste, em comparação ao ATX, mas talvez possa ser uma diferença relativa aos exemplares testados.
O bocal é o já conhecido Comfo-Byte, que vem desde os tempos da U.S. Divers, nos anos 80, e até aí sem novidades.
Na água:
Durante o mergulho, conforme já esperado num apeks, a performance é excelente, e não noto diferença entre os conjuntos XTX 50 DS4, e o ATX 50 DST. Essa similaridade já era esperada, pois, como já havia mencionado, internamente são quase iguais.
Eu havia mencionado previamente sobre os bigodes intercambiáveis, e noto que a escolha pelo mais comprido foi acertada, pois posicionou as bolhas fora da visão, porém, não que o curto gere bolhas particularmente obstrutivas na visão. O segundo estágio é confortável na boca, praticamente sem causar fadiga de ATM.
Os controles de ajuste foram fáceis de usar no fundo, e, o controle de resistência inalatoria realmente faz diferença, sendo bem eficaz. Aliás, quando totalmente aberto, noto que a tendência a “freeflow” espontâneo é menor que no ATX DST.
O regulador entregou bastante ar quando solicitado, e a purga foi bem eficiente. Procurei ficar de ponta cabeça afim de verificar se a respiração ficaria úmida, quando invertida, e noto que manteve-se totalmente seco! Mais seco que no ATX.
Experimentei também o octopus XTX 20, que embora não tivesse ajuste de fluxo, foi bastante eficiente, e neste mergulho estreei um manômetro apeks. Ele é compacto e bem bonito, com um acabamento de primeira, porém, eu prefiro algumas outras opções (inclusive mais baratas) que se mostram de mais fácil leitura.
Embora tenha sido um mergulho a no máximo 20 metros, na maior parte do tempo sem correnteza (não sendo possível avaliar se há “freeflow” com corrente frontal), em que o manômetro nunca baixou de 40, fica óbvio que é um produto com pedigree, e capaz de lidar com condições adversas...afinal, é um apeks.